Você sabe o que é Oniomania?
- Janaína Mendes
- 17 de abr. de 2019
- 3 min de leitura

O ato de comprar desperta nas pessoas uma sensação de bem-estar, prazer e satisfação na aquisição de algo novo e interessante e que talvez você possa precisar ou que jura que está faltando no seu armário. Chega até imaginar, possíveis ocasiões que usará aquele novo “vestido preto”, mas você esquece que em casa tem outros também novos, e que foram comprados com o mesmo objetivo!
A preocupação excessiva, perda de controle sobre o ato de comprar, aumento progressivo do volume de compras, tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras; comprar para lidar com angústias ou outras emoções negativas são situações frequentes de um comprador Compulsivo. A característica central do transtorno não é a condição socioeconômica, e sim a dificuldade ou mesmo incapacidade de controlar este mesmo impulso.
O problema é quando a busca desse prazer é recorrente, porque não consegue atingir a satisfação de outra maneira. A solução para as sensações desagradáveis, negativas e frustrações estão nas compras.
A compra compulsiva foi considerada uma doença apenas recentemente, na década de 1980. Não existem estudos que comprovem as causas dessa doença, mas há algumas possibilidades e uma delas está relacionada com a história comportamental da família do indivíduo. É muito comum encontrar, na família dos compradores compulsivos, pessoas com problemas relacionados ao controle dos impulsos, como jogo, bebida e sexo. Essas pessoas estão sempre em busca de uma sensação de gratificação mais intensa e que nunca vem. São viciadas no sistema de gratificação causado pelas compras.

São pessoas que acabam sendo mais suscetíveis aos estímulos de comprar, o que configura um mecanismo de defesa para lidar com a carência afetivo-emocional. A necessidade de auto aceitação, de inclusão social e até um vazio existencial que norteiam nossa atual sociedade hedonista e imediatista. E por isso a tendência a buscarem no exterior, forças ou elementos, que mostrem e valorizem suas características, ou seja, no consumo, na vestimenta e na maneira de se apresentar ao outro.
Entrar em uma loja e querer aproveitar uma promoção é algo totalmente comum, principalmente em época de Black Friday, mas quando diariamente a pessoa sente essa vontade de comprar pode ser que exista um problema. Existem três tipos de consumidor, o eventual: que compra somente o necessário, o impulsivo: não consegue resistir a um produto em promoção, mesmo que este não seja necessário e por fim, o consumidor compulsivo: considera importante comprar sem considerar o que, e quando e, tenta compensar suas angústias emocionais nas compras.
Dificilmente o indivíduo se identifica como um compulsivo. Na maioria das vezes, são as pessoas mais próximas a ele que conseguem vê-lo como tal, e o apoio é fundamental para que o tratamento surta efeito.
Observe alguns dos sintomas abaixo e fique atento para saber se você pode ser um comprador compulsivo.
– Pensamentos constantes sobre compras;
– Consumir para aliviar sensações ruins;
– Perder o controle do tempo enquanto faz compras;
– Gostar de ir às compras sozinho para evitar repreensão;
– Dificuldade de resistir ao impulso de comprar;
– Prejudicar pessoas e a própria vida em função do consumo exagerado;
– Necessidade de adquirir qualquer objeto, mesmo produtos desnecessários;
– Gastar mais do que o planejado em muitas ocasiões;
– Permanecer sempre endividado.
Colocando um basta nas compras compulsivas
Quando esses problemas se tornam reais no dia a dia, ou ainda se o compulsivo começa a mentir para a família e para os amigos sobre seus comportamentos e a quantia real que gastou, chegando até mesmo a esconder os produtos, é hora de procurar ajuda profissional.
A psicoterapia irá ajudar a entender o que acontece e por que compra demasiadamente, quais os “gatilhos” e o que o levam a esse descontrole e o porquê desse comportamento compulsivo. Trabalham-se também as questões financeiras, uma vez que a maioria dos pacientes já se encontra com um montante considerável de dívidas.
O crucial, é tentar “ressignificar” o comportamento compulsivo, mostrar outras formas da pessoa obter recompensas e sentir-se amada, que não seja pelo viés do consumo compulsivo. E ensiná-la a entender quando é uma compra compulsiva e quando é uma compra normal.
O tratamento é feito com a terapia cognitivo comportamental e dependendo do caso, pela associação de medicações como antidepressivos, como os inibidores seletivos de receptação da serotonina e alguns antidepressivos tricíclicos.
Mas o primordial é o entendimento e a aceitação de que é um problema por parte do indivíduo e de seus familiares, junto ao tratamento, são capazes de modificar esse quadro.







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